"O Sétimo Selo” de 1956 é um filme do sueco Ingmar Bergman que, aterroriza-nos e ao mesmo tempo nos deslumbra com seu enredo surrealista:
Obviamente, relutou e não achou justo aquele encontro bem no momento que vislumbrava os montes que cercavam sua propriedade, estando tão próximo de casa, de sua esposa e dos filhos que não viu crescerem.
Atacara e vencera os otomanos e retornava consciente de sua função que exercera tão utilmente às tropas que servira; praguejou, vociferou e relutava em partir com Ela.
Porém, encontrou uma solução momentânea num instante de profundo discernimento frente ao perigo.
Surge, de súbito, uma afirmação deveras relevante em sua cabeça: “O medo me inibe a liberdade, não devo senti-lo”
Chamou-a então, para uma partida de xadrez onde o vencedor determina o destino daquele dia.
Na verdade ele sabia que perderia, pois ninguém vence a Morte.
Todavia, sua intenção era viver mais aquela ultima batalha lúdica.
Fazer jogadas, gerar estratégias de movimentação, avanço e recuo construindo toda a tática pensada.
E a Morte, por sua vez aceita e a partida se inicia.
O que se passa então é a tentativa da movimentação plena, livre, sem receios ou temores.
Só assim, com audácia, é que pode se sentir o gosto saboroso da vitória, mesmo ela vindo de outras formas incompreensíveis para aquele iminente momento.
Ele, astuto, prepara o cheque-mate, mas a Morte o ludibria e consegue descobrir sua próxima movimentação: "o cavaleiro a atacaria pelos flancos."
Num contra-ataque sagaz, a Morte vence-o.
Na nossa vida, podemos usar isso como simbologia concreta.
Temos as Micro-partidas, aquelas que perfazem determinados períodos específicos e temos a Macro-partida, aquela que executamos diversas combinações, transitamos em meio às informações que podem ser descartadas ou não, utilizadas ou não durante toda uma Vida.
A Vida, então, é a aplicação na realidade dos conceitos formados no Espírito.
Somos vencedores, e sempre seremos.
E a auto-estima é o remédio para todos os males.
Confiança e sentimento de segurança quanto a probidade da Vida é nosso bordão e nosso cajado.
Sejamos lúdicos como as crianças e sejamos ávaros como os oceanos.
Certa vez, Paulo Leminski escreveu:
Um dia desses, quero ser um grande poeta inglês do século passado,
Dizer:
Oh céu, oh mar, oh clã, oh destino
Lutar na Índia em 1866
E sumir num naufrágio clandestino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário