sábado, 28 de agosto de 2010

Agita Galera 2010

Em 27/08/2010 a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo promoveu o AGITA GALERA nas escolas da rede pública.

A equipe de professores, funcionários e alunos do 3ºA E.M., executaram a ação na EE Evaristo Fabrício em Franca SP.

*Agradeço à: Profª Ana Paula Menezes da S. Souza (Artes) e Janaína dos Reis Alves (Agente de Organização Escolar) pelo empenho e dedicação.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um pouquinho sobre Mário Quintana


Mário de Miranda Quintana, gaúcho que nasceu em 1906 e faleceu em 1994, foi poeta, tradutor e jornalista.

Viveu grande parte de sua vida, solitária morando em hotéis.

Um fato curioso é que, em 1980 após a saída do jornal Correio do povo de Porto Alegre, foi despejado do Hotel Majestic por não saldar suas diárias.

O então jogador de futebol Paulo Roberto Falcão, proprietário do Hotel Royal cedeu um quarto ao poeta, que grato lhe disse:

"Não importa o tamanho do quarto, pois moro dentro de mim mesmo."

Um poema que aprecio muito e deixo registrado nesse post é:


Tristeza de escrever


Cada palavra

É uma borboleta morta

Espetada na página

Por isso,

A palavra escrita

É sempre triste


Um poeta simples, das coisas simples que escrevia pela necessidade de escrever.
*Fonte: Nova Antologia Poética, editora Globo 2009

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um pouco de Antonio Di Benedetto











Antonio Di Benedetto (2 de novembro de 1922 - 10 de outubro de 1986), foi um jornalista e escritor argentino que em 1953 publicou:

"Mundo Animal".


Nessa obra, há 21 contos metafóricos que se utilizam da figura de animais como personagens que discernem acerca da existência, da paixão e dos relacionamentos entre os seres e as coisas.

Cavalos, borboletas, vacas e ratos, além de outros bichos se apropriam das narrativas, tal qual uma experiência Kafkaniana.


Segue abaixo, o primeiro conto do livro:

"Borboletas de Koch"


Dizem que cuspo sangue e que logo morrerei.

Não! Não! São borboletas vermelhas. Vocês verão.

Eu via o meu burro mascar margaridas e presumia que essa placidez de vida, essa serenidade de espírito que lhe ultrapassava os olhos, era obra das cândidas flores.

Um dia, quis comer, como ele, uma margarida.

Estendi a mão e, nesse momento, pousou na flor uma borboleta tão branca como ela.

Eu disse para mim: por que não também?

E a levei aos lábios. É preferível, posso dizer vê-las no ar.

Têm um sabor que é tanto de óleo quanto de ervas ruminadas.

Tal, pelo menos, era o gosto dessa borboleta.

A segunda me deixou só cócegas insípidas na garganta, pois se introduziu ela mesma, em um vôo, presumi eu, suicida, atrás dos restos da amada, a deglutida por mim.

A terceira, como a segunda (o segundo, deveria dizer, acredito eu), aproveitou a minha boca aberta, não já pelo sono da sesta sobre o pasto, mas sim pelo meu modo um tanto estúpido de contemplar o trabalho das formigas, as quais, por sorte, não voam, e, as que o fazem, não voam alto.

A terceira, estou persuadido, há de ter tido também propósitos suicidas, como é próprio do caráter romântico presumível em uma borboleta.

Pode-se calcular seu amor pelo segundo e, da mesma forma, podem-se imaginar seus poderes de sedução, capazes, como foram, de fazer cair no esquecimento a primeira, a única, devo esclarecer, submergida - morta, ademais - por minha culpa direta.

Pode-se aceitar, igualmente, que a intimidade forçada em meu interior há de ter facilitado os propósitos da segunda das minhas habitantes.

Não posso compreender, em compensação, por que o casal, tão novo e tão disposto às loucas ações, como bem ficou provado, decidiu permanecer dentro, sem que eu lhe estorvasse a saída, com a minha boca aberta, às vezes involuntariamente, outras de forma deliberada. Mas, em detrimento do estômago pobre e desabrido que me deu a natureza, hei de declarar que não quiseram viver nele por muito tempo.

Mudaram-se para o coração, mais reduzido, talvez, porém com as comodidades de um lar moderno, estando dividido em quatro apartamentos ou cômodos, se assim se prefere chamá-los.

Isto, sem dúvida, aplanou inconvenientes quando o casal começou a se rodear de pequeninos.

Ali viveram, sem que na sua condição de inquilinos gratuitos pudessem se queixar do dono da casa, pois, ao fazê-lo, pecariam inadequadamente por ingratidão.

Ali estiveram elas até que as filhas cresceram e, como vocês compreenderão, desejaram, com sua inexperiência, que até nas borboletas põe asas, voar além.

Além era fora do meu coração e do meu corpo.

Assim é que começaram a aparecer estas borboletas tingidas no fundo do meu coração, que vocês, equivocadamente, chamam de cusparadas de sangue.

Como vêem, não o são, sendo, puramente, borboletas vermelhas do meu vermelho sangue.

Se, em vez de voar, como deveriam fazer por ser borboletas, caem pesadamente no solo, como coágulos que vocês dizem que são, é só porque nasceram e se desenvolveram na escuridão e, conseqüentemente, são cegas, as pobrezinhas.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nas alturas, olhei para cima




Enquanto o meu corpo era belo e havia dentes em mim

Perdoei os tormentos que o amor me trouxe

Diante da velhice me conformei, e me lembrei...

... Daquele corpo, que já não traz as mesmas convicções

Apenas convenções... Lembra-me um cômodo com mobília

Mas vazio, sem quadros, sem luz e sem música

Por suas janelas nada se avista

Nem sequer uma rua na profunda madrugada

Propenso ao ócio, com o rebanho me alinho

E, me sujeito resignadamente às várias opiniões

Essa fachada sem luz lembra-me uma cervical sem medula

Cedi a alma aos dogmas e me tornei uma espécie de fantasma urbano

Despojado de máscaras nada vi senão outras máscaras

Não há um “verdadeiro eu” nessa procura, há muitas peles sob a pele

Indo pelo atalho o caminho é íngreme e violento, não vale a pena se apressar

Na existência una, chegar a si mesmo é tão distante quanto ir a Plutão

Em verdade, nem Plutão é tão planeta quanto já fora e, nem o homem é tão puro quanto o primeiro homem que eu era

Depois de ir fundo, tão fundo ao ponto de mergulhar na escuridão que habita em mim, percebi que o “Eu” que tanto procurava

Não estava dentro e nem abaixo de mim, mas acima de

Pois, esse “Eu” é uma construção constante, um cultivo de si para si



*Baseado em citações de Friedrich Nietzsche

domingo, 1 de agosto de 2010

O que buscas sem olhar?





Não engane ninguém, nem a ti mesmo


Pois, não se busca a verdade a qualquer preço


Busque a personalidade que a história contém



*Baseado em citação de Friedrich Nietzsche