terça-feira, 4 de agosto de 2009

O lixo, os porcos e as crianças



Quando a voz do Brasil começa

Executa-se, o Guarani

Plantação de tomates, fazenda

No campo, vivi e morri

Passei minha vida a limpo,

Explico-lhe-a aqui


Nas viagens, cresci

Percorri trilhas, senti dor

Sou bípede com polegar opositor

E dedos, como pinças

Uso calças compridas

Tenho muito pudor


Sou diferente porque tenho encéfalo

Cultivo meus tomates, mas não os como

Entrego-os ao mercado

E recebo dinheiro contado

O dinheiro, todos sabem

Tudo compra, até pecado


Para negociar, me recebem

E, com intento, percebem

Pode-se comprar tomates, açúcar, fermento

Os mesmos que plantara, relembro atento

Cultivara e colhera a tempo

Mas, não explico seu desenvolvimento


Meu estado é plenamente livre

Mas, os porcos,

Devem ser alimentados, são muitos

Pouca ração, há solução?

Para que no comércio

Sejam vendidos, consumidos

Quanto mais arrobas,

Mais excesso de exação

Mas a população contribui

Não usufrui, do seu lixo em podridão


Também aprecio,

Perfumes agradáveis

Mas, aonde guardo meu lixo?

Ele é desagradável, insisto

Levem-no para bem longe

Não posso fugir da minha imundície

Vejo-os chegar,

É como se me agredissem

Não possuem dinheiro e nem sensatez

Entram na fila e aguardam a vez


Todo dia,

São setecentas toneladas jogadas

Nos arredores da metrópole

Para que os marginalizados

Depois dos porcos

Façam suas refeições

E capturem seus reciclados

Contentes

Em troca de centavos

Moeda corrente

Pedaços de brinquedos

Às crianças daqui, presentes

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