Quando a voz do Brasil começa
Executa-se, o Guarani
Plantação de tomates, fazenda
No campo, vivi e morri
Passei minha vida a limpo,
Explico-lhe-a aqui
Nas viagens, cresci
Percorri trilhas, senti dor
Sou bípede com polegar opositor
E dedos, como pinças
Uso calças compridas
Tenho muito pudor
Sou diferente porque tenho encéfalo
Cultivo meus tomates, mas não os como
Entrego-os ao mercado
E recebo dinheiro contado
O dinheiro, todos sabem
Tudo compra, até pecado
Para negociar, me recebem
E, com intento, percebem
Pode-se comprar tomates, açúcar, fermento
Os mesmos que plantara, relembro atento
Cultivara e colhera a tempo
Mas, não explico seu desenvolvimento
Meu estado é plenamente livre
Mas, os porcos,
Devem ser alimentados, são muitos
Pouca ração, há solução?
Para que no comércio
Sejam vendidos, consumidos
Quanto mais arrobas,
Mais excesso de exação
Mas a população contribui
Não usufrui, do seu lixo em podridão
Também aprecio,
Perfumes agradáveis
Mas, aonde guardo meu lixo?
Ele é desagradável, insisto
Levem-no para bem longe
Não posso fugir da minha imundície
Vejo-os chegar,
É como se me agredissem
Não possuem dinheiro e nem sensatez
Entram na fila e aguardam a vez
Todo dia,
São setecentas toneladas jogadas
Nos arredores da metrópole
Para que os marginalizados
Depois dos porcos
Façam suas refeições
E capturem seus reciclados
Contentes
Em troca de centavos
Moeda corrente
Pedaços de brinquedos
Às crianças daqui, presentes
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