sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Assim como Drummond, eu sou


Retorcendo o meu “Eu”

Descubro minhas faces

São muitas

São sete

Sou triste

Ora, orgulhoso

Sou de ferro

Puro e pernicioso

Tranquilo, mas ansioso

Perdi mulheres

Ganhei horizontes

Me divirto, ainda hoje

Com o ato de sofrer, de perder

De guardar e de querer viver

Inspira-me Drummond!

Faça-me ler-te e reler-te de novo

Ontem, agora, daqui a pouco

Amanhã e depois de amanhã tu renascerá

Dê-me as pistas e minha busca, vã, não será

Nem no ano velho, muito menos no ano novo

Conheci-te na mocidade, plena idade, vigoroso

Hoje, nobre meia-idade, vagaroso

Atravesso o pórtico das eras, silencioso

Por ti, meu poeta, tornar-me-ei novamente portentoso





*Ao mestre: Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987)

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