Retorcendo o meu “Eu”
Descubro minhas faces
São muitas
São sete
Sou triste
Ora, orgulhoso
Sou de ferro
Puro e pernicioso
Tranquilo, mas ansioso
Perdi mulheres
Ganhei horizontes
Me divirto, ainda hoje
Com o ato de sofrer, de perder
De guardar e de querer viver
Inspira-me Drummond!
Faça-me ler-te e reler-te de novo
Ontem, agora, daqui a pouco
Amanhã e depois de amanhã tu renascerá
Dê-me as pistas e minha busca, vã, não será
Nem no ano velho, muito menos no ano novo
Conheci-te na mocidade, plena idade, vigoroso
Hoje, nobre meia-idade, vagaroso
Atravesso o pórtico das eras, silencioso
Por ti, meu poeta, tornar-me-ei novamente portentoso
*Ao mestre: Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987)
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