Estou condenado à escrita
E a cada folha preenchida
Nutrem-se as chamas de minha inspiração
Não renunciei a vida, ah não!
Não obstante, anseio em conhecê-la
Desvendar seus ritos, seus mistérios
Mergulhar no desconhecido, merecê-la
Queria provar o ventre da montanha
Sentir seu calor, receber seus nutrientes
Mas, faltam-me raízes, amigos, olhos e mil coisas
Os lábios grossos fecham-me a boca
Não sei o que é o verdadeiro mar
E nunca direi não a ele
As palavras são portas abertas
Lembro-me de meu pai, anuindo com a cabeça
Depois, sentirei clausura nas montanhas
Precisarei conhecer o intervalo entre elas
Quando ele, apontava-me o cume
Media a distância do chão até o céu
O espelho sem mácula transformado em sabedoria
E essa sabedoria divina é a que me sempre me faltou
Melancolia incurável... Guarda-me anjo!
Venha antes e prepara-me, mostre-me quem eu sou!