quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O braço direito de Otto

Estou condenado à escrita

E a cada folha preenchida

Nutrem-se as chamas de minha inspiração


Não renunciei a vida, ah não!

Não obstante, anseio em conhecê-la

Desvendar seus ritos, seus mistérios

Mergulhar no desconhecido, merecê-la


Queria provar o ventre da montanha

Sentir seu calor, receber seus nutrientes

Mas, faltam-me raízes, amigos, olhos e mil coisas

Os lábios grossos fecham-me a boca


Não sei o que é o verdadeiro mar

E nunca direi não a ele

As palavras são portas abertas

Lembro-me de meu pai, anuindo com a cabeça


Depois, sentirei clausura nas montanhas

Precisarei conhecer o intervalo entre elas

Quando ele, apontava-me o cume

Media a distância do chão até o céu


O espelho sem mácula transformado em sabedoria

E essa sabedoria divina é a que me sempre me faltou

Melancolia incurável... Guarda-me anjo!

Venha antes e prepara-me, mostre-me quem eu sou!




A Otto Lara Resende: 01 de maio de 1922 - 28 de dezembro de 1992

2 comentários:

  1. Olá,amigo Márcio Medeiros. Quanta honra a tua visita no espaço ALACAZUM mais ainda saber que você indicou para o selo. Obrigada. Passei para agradecer e saber como faço para linkar o selo. Abração.

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  2. Márcio, muito obrigado pela força que você deu ao Basf 90. É muito bom saber que você faz parte da turma que acompanha e recomenda o blog. Um abração!

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