terça-feira, 7 de junho de 2011

Músicas que mencionam livros: Retórica sentimental: Belchior




Retórica sentimental: Belchior

Moro num lugar comum, perto daqui, chamado Brasil.
Feito de três raças tristes, folhas verdes de tabaco
E o guaraná guarani.
Alegria, namorados, alegria de Ceci.
Manequins emocionadas:
- São touradas de Madrid...
Que em matéria de palmeira ainda tem o buriti perdido.
Símbolo de nossa adolescência,
Signo de nossa inocência índia, sangue tupi.
E por falar no sabiá, o poeta Gonçalves Dias é que sabia...
Sabe lá se não queria
Uma Europa bananeira.
- Diga lá, tristes trópicos,
Sabiá laranjeiras.
Aliás, meu camarada, o cantor popular falou divinamente:
Deus é uma coisa brasileira, nordestinamente paciente.
Oh! blood moon.

*Fonte: Vagalume

Tristes Trópicos (fr: Tristes Tropiques ) é um livro do antropólogo e filósofo francês Claude Lévi-Strauss publicado em 1955, na França, pela Editora Plon (Paris).
Uma narrativa etnográfica romanceada, com excertos curiosos sobre sociedades indígenas brasileiras. Aparentemente, apenas um livro de viagem, mas, repleto de passagens onde o autor faz especulações filosóficas sobre o status da Antropologia; análise comparativa de religiões, entre o Novo e o Velho Mundo, as concepções de progresso e de civilização.

Essa canção faz parte do álbum: Medo de Avião de 1979.

Na letra, há a citação de uma personagem:
"...ALEGRIA NAMORADOS, ALEGRIA DE CECI"
Ceci e Peri
são os personagens principais do romance O Guarani, do escritor José de Alencar, inicialmente publicado em forma de folhetim em 1857 quando obteve grande reconhecimento pelo público.
A fase indianista do romancista José de Alencar produziu essa pérola da literatura nacional onde o amor rompe barreiras e grita ao mundo que desconhece limites.
Ambientada numa época em que os preconceitos sociais, tornavam uma verdadeira heresia o amor entre brancos e índios, o Guarani conta o nascimento, crescimento e sacrifício do amor entre Ceci e Peri.
A jovem Ceci, filha de rico proprietário de terras, linda e pura de sentimentos, nutre por Peri, índio criado pela sua família, um sentimento que nem ela mesma consegue identificar como "amor".
Tivessem os nossos jovens hoje mais interesse por esse tipo de leitura, o amor com certeza seria mais valorizado, teria mais sabor.


E para encerrar o tema, temos:
"...E POR FALAR NO SABIÁ
O POETA GONÇALVES DIAS É QUEM SABIA".

O poeta Antônio Gonçalves Dias, que se orgulhava de ter no sangue as três raças formadoras do povo brasileiro (branca, indígena e negra), nasceu no Maranhão em 10 de agosto de 1823.
Em 1840 foi para Portugal cursar Direito na Faculdade de Coimbra. Ali, entrou em contato com os principais escritores da primeira fase do Romantismo português.
Em 1843, inspirado na saudade da pátria, escreveu:
"Canção do Exílio".

Deve-se a Gonçalves Dias a consolidação do Romantismo no Brasil.
Isso porque o poeta trabalhou com maestria todas as características iniciais da primeira fase do Romantismo brasileiro.
De sua obra, geralmente dividida em lírica, medieval e nacionalista, destacam-se "I-Juca Pirama", "Os Tibiramas" e "Canção do Tamoio".
Sem sombra de dúvida, essa canção repleta de elementos literários é uma obra-prima do mestre Belchior.
*Fonte: youtube

2 comentários: