terça-feira, 15 de setembro de 2009

Reflexões de um velho ourives sobre a solidão, os versos e os pássaros





Nogueira sentiu um vazio

Tomou-se por triste

Naquele dia frio

Absorto, abriu um livro nunca lido

Observou suas páginas preenchidas

Que o poeta, outrora

Viveu a sina do escritor

Escrevia porque era só

E preenchia seu estado ermo

Com caneta e esplendor



Tia Augusta dizia-me na cidade

“Feliz é quem mora no campo”

Não se ensoberbece

Vive-se mais, com sanidade

Esperteza e destreza

Desenvolvem-se habilidades

Aprende-se a ler as estações

Sabidos são o vento e a chuva

Com seus raios e trovões

Como árvores que entregam frutos

Na época esperada

Nunca falham, são precisas

Generosas por natureza

Cedem galhos com carinho

Aos pássaros, vários deles

Seus ovos, suas cores

E seus ninhos

Flores, frutos e pinhos



As flores dão-nos perfumes

Sem pedirmos-lhes nada

Alusão da vida

Mistérios do Criador

Assim como a dor

Que nos vem de graça

Oscilante, inebriante

Borboletas em revoada

Passam como astros no universo

Em pensamento, olho tudo

Pelo tempo, me disperso

Nasci rude, obtuso, mas correto



Aves não deixam rastro

Na minha idade já não corro

Atrás do ouro, diamantes

Pedras preciosas, roupas caras

Carros e mulheres degradantes

Ociosas são minhas mãos

No momento, oscilação

Nem tento mais

Pois, tremo demais

Já cumpri minha missão

Siga os passos que deixei

Pense nas coisas que procurei

E, não querendo achar

Me encontrei

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