Nogueira sentiu um vazio
Tomou-se por triste
Naquele dia frio
Absorto, abriu um livro nunca lido
Observou suas páginas preenchidas
Que o poeta, outrora
Viveu a sina do escritor
Escrevia porque era só
E preenchia seu estado ermo
Com caneta e esplendor
Tia Augusta dizia-me na cidade
“Feliz é quem mora no campo”
Não se ensoberbece
Vive-se mais, com sanidade
Esperteza e destreza
Desenvolvem-se habilidades
Aprende-se a ler as estações
Sabidos são o vento e a chuva
Com seus raios e trovões
Como árvores que entregam frutos
Na época esperada
Nunca falham, são precisas
Generosas por natureza
Cedem galhos com carinho
Aos pássaros, vários deles
Seus ovos, suas cores
E seus ninhos
Flores, frutos e pinhos
As flores dão-nos perfumes
Sem pedirmos-lhes nada
Alusão da vida
Mistérios do Criador
Assim como a dor
Que nos vem de graça
Oscilante, inebriante
Borboletas em revoada
Passam como astros no universo
Em pensamento, olho tudo
Pelo tempo, me disperso
Nasci rude, obtuso, mas correto
Aves não deixam rastro
Na minha idade já não corro
Atrás do ouro, diamantes
Pedras preciosas, roupas caras
Carros e mulheres degradantes
Ociosas são minhas mãos
No momento, oscilação
Nem tento mais
Pois, tremo demais
Já cumpri minha missão
Siga os passos que deixei
Pense nas coisas que procurei
E, não querendo achar
Me encontrei
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