terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sobre um "Encontro Marcado" com Fernando Sabino



Fernando Sabino presenteou seus leitores em 1956 com a publicação do que é considerada sua obra prima, o romance intitulado: “O encontro marcado”.


Uma narrativa urbana que nos faz caminhar pelas ruas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro em meados do século XX, conhecendo seus moradores célebres, anônimos e os que, de alguma forma, marcaram essas cidades.


A repercussão do romance foi a melhor possível, tornando-se o livro preferido de muitos brasileiros que, nas aflições da juventude, liam e se identificavam com os dramas existenciais narrados de forma perspicaz pelo escritor mineiro. Desde aquela época, até os dias de hoje.


“O encontro marcado” é um típico romance de geração, e basicamente gira em torno dos problemas juvenis de suas personagens: os amores, o álcool, os dramas, a faculdade, escolha da profissão, a saída da casa dos pais e a mudança para a metrópole, a capital federal, na época, o Rio de Janeiro.


Vivenciado na década de quarenta, tem como protagonista Eduardo Marciano, alter ego do escritor.

Seus comparsas de toda vida: Hugo e Mauro correspondem a Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, respectivamente.

Antonieta, filha do ministro, namorada e posteriormente esposa de Eduardo, é Helena Valladares.

Toledo, um dos personagens mais importantes da história, “guia intelectual” de Eduardo por longo período é Guilhermino César.


A ênfase da narrativa parte do pressuposto que, a procura intensa do sentido da vida por Eduardo Marciano trilha um caminho incerto, transitando pelas inquietações ideológicas e políticas para as ansiedades características dos jovens da época.

Essa busca da satisfação sexual plena, da felicidade, da auto-afirmação por meio da escrita e do esporte, no caso a natação, e pela enorme ânsia de encontrar respostas sobre a existência de Deus geram um enredo que envolve o leitor do início ao final da obra.


Todos esses elementos se tornam a marca registrada da personagem até as últimas páginas do romance e constata-se, mesmo diante de expectativas e experiências mal resolvidas, a contínua busca pessoal com o auxílio de amigos, livros, amantes e garçons, e conclui-se que, o sofrimento sempre lhe trouxe aprimoramento e ponderação e, por conseguinte, lhe abriu novas perspectivas e novos entendimentos gradativamente, em relação aos valores humanos e suas relações superficiais ou aprofundadas.


Suas experiências amorosas e profissionais sempre lhe causaram excitação e entusiasmo, num primeiro momento, mas às dúvidas e a rotina lhe trouxeram decepções constantes.

Optou então, em seguir a carreira única de escritor.


O ponto alto da personagem é esse empenho em desafios constantes e um inconformismo inerente ao ser: Eduardo Marciano/Fernando Sabino, que se confundem e se unem nas linhas da narrativa.

A obra ganhou edições no exterior, e foi adaptada para o teatro.

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