quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bicicleta e escola, uma lembrança que não sai do coração






Se há um objeto ou coisa, desde minha iniciação escolar até minha ida para outra cidade, foi minha companheira bicicleta.
Não há como falar da escola sem citá-la várias vezes.

Que eu me lembre, foram raros os dias em que me desloquei de outra forma de casa para a escola e de casa para o mundo no qual tinha contato.
A bicicleta era o meu objeto mais valioso.
Aliás, as bicicletas, pois foram várias.
A primeira veio aos seis anos, dias depois de aprender a pedalar em frente à casa de minha prima Érica.
Ela, a priminha mais velha, me enganou, literalmente.
Lembro quando sorrindo me disse:
- Vai pedalando que eu seguro a garupa. Assim te dou equilíbrio.
Fui.
Não olhei para trás. Aquele vento fresco soprando no meu rosto foi uma sensação inebriante.
A noite estava quente e as crianças brincavam na rua pacata e morna.
De repente escutei um grito lá atrás:
- Marciooo!
Era a Érica.
Parei a bicicleta sem usar os freios, usei as pernas e as solas do tênis, e olhei para trás cambaleante.
Minha prima de nove anos estava no mesmo lugar em que disse aquelas palavras:
"...que ia me segurar, equilíbrio e coisa e tal".
Retornei o guidão em direção ao ponto de partida e voltei concentrado pedalando num cambalear intrépido.
A sensação de liberdade era enorme.
- Andar de bicicleta é isso, ela afirmava com as mãos a cintura.
- Agora é só pedir para a sua mãe comprar uma, completou
- Quero uma vermelha, vamos entrar agora, disse afoito.
E assim, a liberdade se fez; não havia mais distâncias para mim e minha companheira vermelha.
Éramos um e éramos únicos.
Onde eu estava facilmente estava ela.
Na escola todos os meninos iam de bicicleta.
As meninas não. Estranho lembrar isso.
Elas iam caminhando em pequenos grupos ou eram entregues pelos seus respectivos pais.
Nós, meninos, achávamos tudo isso normal.
Menina de bicicleta seria engraçado. Até havia umas na bicicletaria para comprar, tinham uma cestinha de metal acoplada ao guidão e eram sempre rosa ou brancas.
A minha, com o tempo, se tornou uma BMX também vermelha.
Estava na quarta série quando ganhei essa. Fui com ela até a oitava série.
Saudade daquela BMX, quantas peripécias, quantos saltos, quantas empinadas na avenida principal, manobras na pista de motocross na prainha e quantas raladas homéricas no asfalto quente.
Tudo isso é motivo de orgulho para mim.
Até hoje adoro bicicleta.
Adoro montain-bike e tudo o que é off-road em duas rodas me atrai.
Na escola, dezenas de bicicletas iguais a minha se amontoavam próximo ao laboratório desativado.
Era o local delas.
Na saída, cada um com a sua desenvolvendo manobras e, vez em quando, uma queda espetacular para os risos da galera.
Bicicleta e escola, uma lembrança que não sai do coração.

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