quarta-feira, 3 de junho de 2009

Unindo letras, criando frases







Lembro-me com riqueza de detalhes. Está tudo aqui, em minhas lembranças, e agora tentarei exprimí-las nessa lacônica narrativa.
Digo lacônica pois tentarei ser sucinto, conciso; todavia não gostaria de deixar escapar fatos que enriquecessem minha história de evolução cognitiva. Vamos tentar...
Era um dia belo, estava eu em companhia da tia Raquel, professora do primário da escola estadual Maria Peralta Cunha.
Considero-me uma pessoa de sorte, pois sou de uma família de professoras, várias tias professoras.
A tia Raquel, disse-me:
- Quer aprender a ler?
- Claro! Respondi.
Naquela tarde nublada, minha visão se abriu. Estava entrando num universo maravilhoso do qual nunca mais saí.
Minha madrinha, Ivone, era licenciada em História e Geografia e também lecionava no colégio estadual da cidade. Possuía uma estante recheada de livros, quase todos de sua área de atuação.
Naquela tarde, casa da madrinha, a tia professora Raquel, então, utilizou um livro de geografia que estava ao alcance de sua mão para me iniciar na leitura.
Foi fantástico. Aprendi rapidamente a decifrar aqueles símbolos e lembro-me de estar falando em alta e ressonante voz algumas palavras. Lembro-me de estar dizendo:
- Roma. – Manila. – Recife.
Parecia tão fácil.
Nunca tive dificuldade na leitura, e sempre tive muita curiosidade literária. Ficava horas em frente aquela estante da madrinha Ivone admirando os mapas-múndi, os mapas do Brasil, recortando-os e colando-os novamente, lendo os nomes dos países que existiam até então e suas capitais. Aprendi e decorei várias e até hoje sei que a capital de Honduras é Tegucigalpa.
Gostar de ler é um dom, e recebi esse presente divino antes mesmo de entrar na escola. Havia cinco anos que eu estava interagindo com o mundo e aprendi a ler numa tarde apenas, amparado por uma jovem tia que utilizava livros de geografia para executar seu propósito comigo.
Tudo pareceu muito simples, era só unir as consoantes com as vogais, as vezes vogais com vogais, as vezes duas consoantes antes de uma vogal e construía-se algo pronto para ser lido.
As frases vieram numa outra tarde, desta vez ensolarada.

Não sei como me lembro desses detalhes. Mas lembro-me de tantos detalhes de minha infância que esses que narro não me espantam.

São apenas complementos de tantos outros que se mantém vivos aqui em minha mente.

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