quarta-feira, 3 de junho de 2009

Big Bang




Manhãs de sábado, escola Toulouse Lautrec. Começava, ao frescor dos primeiros raios solares, mais um módulo do curso de formação de professores comandado pela Mestre Rosângela Mourão.
Versada na arte de rememorar, essa artífice, conduzia com maestria nossas mentes e abria as cortinas do passado fazendo-nos viajar através de lembranças que brotavam incessantemente em cada professor que ali a observava sem pestanejar.
Dizia enfática que, o professor que somos hoje possui uma relevante relação com as situações vividas no passado, em nosso período vivido como alunos.
Marcas de um pretérito que não se finda.
Acontecimentos de outrora vivificados numa ação verbal e reflexiva, exprimindo uma reação eruptiva em minhas faculdades cognitivas.
Coloco-me a relembrar então, situações que só eu sentia e que me gerava uma prazerosa nostalgia da realidade.
Olhava aos meus companheiros de curso e percebia a sensação que todos flutuavam em deliciosos devaneios.
Reminiscências palpáveis à medida que eram instigadas mais e mais.
Num alvitre sereno, a Mestre, nos conduziu a materializarmos determinadas situações vivenciadas havia décadas, que, de certa forma, fixassem atitudes enquanto docentes contemporâneos.
Nesse momento um novo “Big Bang” ocorreu no universo.
Mas o universo em questão era minha mente.
Uma mente repleta de recordações escolares que estavam guardadas há tempos, intocadas, arrumadas como roupas dobradas em gavetas, prontas para serem remexidas e usadas.
Relembrava fatos que nem lembrava que estavam guardados tão bem.
Parecia que, um dia, o baú seria aberto, só precisava das combinações do segredo.
E a combinação se fez diante de meus olhos, de minha percepção, vendo aquela jovem senhora explanar sua tese e nos delinear caminhos a serem percorridos.
Disse certa vez Willian Blake:
“Quando as portas da percepção forem abertas, veremos as coisas como elas realmente são: infinitas”.
Naquela manhã, minha maneira de ver, compreender e interpretar meus discentes foi acometida por um salto qualitativo.
Tudo o que vivi como aluno procurava remeter a eles.
Situações de risco, de exposição, de alegrias e auto-afirmação, intempéries do cotidiano, prazeres inéditos, impasses administrativos, tudo saltava em minha mente como pipocas estourando numa panela escaldante.
Logo me pus a escrever minhas narrativas que hoje compõem esse blog.
Uma lembrança remetia a outra e mais outra e assim, a construção obteve forma, a forma sentido e o sentido de tudo isso é obter um contentamento que transforme a práxis educativa do ato de lecionar num encontro entre passado e presente, entre o que fiz e o que faço, o que vivi e o que me deixaram viver com o que vivenciarei junto com meus alunos.
Como, de certa maneira, transformaremos nossa realidade juntos, cresceremos juntos e juntos praticaremos o princípio que rege o prazer da busca e a real possibilidade de encontrá-la?
A reflexão se faz necessária à medida que necessitamos evoluir nessa nobre arte de lecionar, criar sem cessar novos formadores de opinião, promover subsídios para que novos talentos surjam e surgindo formem outros novos numa ciranda interminável e sublime.
Se for tempo de plantar, então professores, plantemos!!!
Far-se-á, a colheita, pela própria sociedade.


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