quarta-feira, 3 de junho de 2009

Chimique *



Final do Ensino Médio, mais uma etapa superada. Dificuldades em química e uma real possibilidade de retenção.
Estudos redobrados naquela fatídica (para mim) matéria. Ah, quando me recordo de química surgem calafrios horrorosos, todavia não sei se os calafrios são para os “elementos e ligações químicas” ou para a professora que tentava lecionar aquela matéria obscura para minha inteligência.
Tudo o que ela dizia não penetrava em minha mente; tudo o que ela explanava não se materializava em meu caderno de dez matérias. Quanta dificuldade em química!
No inicio do último ano do colegial saí de minha querida, e até então única, cidade para estudar num colégio particular como forma de me preparar melhor para o vestibular que se aproximava cada dia mais veloz.
Ao chegar do interior para um interior um pouco maior me senti como nos filmes, quando o jovem deixa sua família na pequenina cidade e parte para a capital em busca de uma vida melhor. A “capital”, no caso, é Franca, interior nordeste do estado.
Eu, no alto de meus dezessete anos, me sentido um adulto-novel, encarei mais essa situação inédita e prazerosa. Conhecer pessoas, novos amigos, novas avenidas e novas vitrines.
O colégio conceituado me traria todo beneficio que necessitava para desenvolver meus conhecimentos acerca das matérias potenciais para um bom vestibular da Unesp.
Mas na hora que me vi diante da química tive uma sensação de desconforto maior do que podia sentir e imaginar.
Percebi, só naquele momento, que minha antiga professora de química me ludibriara e eu a ela, todo o tempo, pois não sabia nada, nada. Aquilo na lousa eram hieróglifos egípcios e eu um estrangeiro numa terra distante.
A atual professora tinha uma concepção que deveríamos saber mais do que ela. Não aceitava voltar o conteúdo para tirar dúvidas, nem respondia perguntas tecnicamente simples (para ela, é claro).
Pensava eu que, estudando em casa, recuperaria o tempo perdido, todavia não consegui. Dificuldade tamanha na interação com os elementos químicos.
Decorara, há tempos atrás, grande parte da tabela periódica, pensara que isso fosse tudo, mas era muito pouco.
O sofrimento foi extenso, exatos três bimestres e meio. Foi aí que decidi voltar, terminar meus estudos na escola de minha pequena cidade e só então prestar o vestibular para qualquer coisa. Naquelas alturas me preocupava mais em passar de ano do que seguir alguma carreira. Que coisa estranha!
Voltei e passei, sim!
O vestibular que seria arquitetura se tornou medicina veterinária. Estava perdido e sem orientação profissional, então, escolhi qualquer coisa.
Passei em administração de empresas, abandonei no terceiro ano e hoje sou professor de educação física do Estado de São Paulo; mas penso mesmo é em escrever livros (romances e contos). Uma vida e muitos trajetos.

* Em Francês: Química

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