A segunda série do ensino fundamental foi para mim como uma grande emancipação cognitiva.
Aperfeiçoei a leitura, aprendi decorando as tabuadas do número um ao nove, e até hoje ainda me confundo quando tenho que calcular sete vezes oito.
Sete vezes oito, oito vezes seis, tudo isso, talvez por ter decorado, foge de minha concepção aritmética.
Mas a leitura! A literatura brasileira de Monteiro Lobato, a Série Vaga-Lume e tantos outros contos e estórias soam presentes em minhas lembranças.
Sempre me lembro com saudade daquelas manhãs em que a professora Lucí ditava frases ou expunha suas narrativas utópicas.
Lembro-me que, enquanto narrava, o frescor da manhã e o canto dos passarinhos teciam a paisagem emoldurada em meus devaneios infantis.
Se há uma palavra que ilustra bem minha infância escolar, ela se denomina saudade.
Saudade de como evoluía e sabia disso.
Saudade da facilidade que tinha em unir letras e formar palavras, em unir palavras e formar frases, em unir frases e gerar composições de pequenos textos. Tudo era meticuloso e belo.
Quando a tia Lucí dizia sorrindo:
“Na outra linha, parágrafo, letra maiúscula”.
Sentia um prazer inebriante, indizível. Algo novo ia ser construído naquele momento, naquele curto espaço de tempo faríamos, todos juntos, algo prestes a se tornar matéria, sairia de uma oração ditada e se tornaria documento em nossos cadernos pautados, pronto a ser lido a qualquer tempo futuro.
Nostalgia melancólica antagônica a efemeridade, ainda hoje presente em minhas retinas fatigadas.
Deixava de lado o lápis número dois e partia a todo vapor para a caneta esferográfica azul.
Não gostava da Kilométrica e nem da Faber Castel, deixava-me com a letra feia. Sempre e até hoje prefiro a básica Bic.
A caneta para mim foi a espada da alforria.
O lápis representava o que a fralda representa para uma criança de seis anos.
Era hora de largar, deixar o lápis para trás na hora dos textos, me serviria apenas para fazer contas, nada mais. Afinal já tinha longos oito anos de idade.
Para escrever palavras queria a caneta.
Meu pai e minha mãe só escreviam palavras com caneta. Por que não eu?
* * *
Aperfeiçoei a leitura, aprendi decorando as tabuadas do número um ao nove, e até hoje ainda me confundo quando tenho que calcular sete vezes oito.
Sete vezes oito, oito vezes seis, tudo isso, talvez por ter decorado, foge de minha concepção aritmética.
Mas a leitura! A literatura brasileira de Monteiro Lobato, a Série Vaga-Lume e tantos outros contos e estórias soam presentes em minhas lembranças.
Sempre me lembro com saudade daquelas manhãs em que a professora Lucí ditava frases ou expunha suas narrativas utópicas.
Lembro-me que, enquanto narrava, o frescor da manhã e o canto dos passarinhos teciam a paisagem emoldurada em meus devaneios infantis.
Se há uma palavra que ilustra bem minha infância escolar, ela se denomina saudade.
Saudade de como evoluía e sabia disso.
Saudade da facilidade que tinha em unir letras e formar palavras, em unir palavras e formar frases, em unir frases e gerar composições de pequenos textos. Tudo era meticuloso e belo.
Quando a tia Lucí dizia sorrindo:
“Na outra linha, parágrafo, letra maiúscula”.
Sentia um prazer inebriante, indizível. Algo novo ia ser construído naquele momento, naquele curto espaço de tempo faríamos, todos juntos, algo prestes a se tornar matéria, sairia de uma oração ditada e se tornaria documento em nossos cadernos pautados, pronto a ser lido a qualquer tempo futuro.
Nostalgia melancólica antagônica a efemeridade, ainda hoje presente em minhas retinas fatigadas.
Deixava de lado o lápis número dois e partia a todo vapor para a caneta esferográfica azul.
Não gostava da Kilométrica e nem da Faber Castel, deixava-me com a letra feia. Sempre e até hoje prefiro a básica Bic.
A caneta para mim foi a espada da alforria.
O lápis representava o que a fralda representa para uma criança de seis anos.
Era hora de largar, deixar o lápis para trás na hora dos textos, me serviria apenas para fazer contas, nada mais. Afinal já tinha longos oito anos de idade.
Para escrever palavras queria a caneta.
Meu pai e minha mãe só escreviam palavras com caneta. Por que não eu?
* * *
Hoje, adulto, adoro escrever com lápis.
O barulho do grafite roçando o papel me da prazer a base de serotonina.
Sinto bem estar e sempre me pego com um lápis na mão direita produzindo algo.
Nova fase ainda passo. Agora utilizo um teclado gélido para produzir textos e trabalhos.
Ação tecnológica em nossas vidas.
Sou de uma geração que transita entre o arcaico e o novel, que reluta diante dos gigabytes, mas que não pode abrir mão das evoluções humanas.
“O passado é uma roupa que não nos serve mais”, disse uma vez o cantor-poeta, todavia saboreemos nostalgicamente tudo, tudo o que vivenciamos, pois ainda somos os mesmos e vivemos...
O barulho do grafite roçando o papel me da prazer a base de serotonina.
Sinto bem estar e sempre me pego com um lápis na mão direita produzindo algo.
Nova fase ainda passo. Agora utilizo um teclado gélido para produzir textos e trabalhos.
Ação tecnológica em nossas vidas.
Sou de uma geração que transita entre o arcaico e o novel, que reluta diante dos gigabytes, mas que não pode abrir mão das evoluções humanas.
“O passado é uma roupa que não nos serve mais”, disse uma vez o cantor-poeta, todavia saboreemos nostalgicamente tudo, tudo o que vivenciamos, pois ainda somos os mesmos e vivemos...
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