quarta-feira, 3 de junho de 2009

Cadê o título?



Lembro-me nitidamente, como se fosse há dias atrás. Porém, mais de duas décadas se passaram e, hoje, aquele jovem franzino, sedento por conhecimento se tornou professor, o educador que redige estas linhas.
Manhã ensolarada de outono, eu e minha bicicleta indo à escola e na cabeça um pensamento: “Como será o dia hoje?”
“O que farei, o que produzirei, o que vivenciarei?” Essas eram minhas auto-indagações, minhas aflições infantis.
Haveria batalhas, confrontos com os alunos, desavenças com os professores? Ou seria um dia de trégua pedagógica, aprendizado, ensino, brincadeiras e paz?
Na sala, primeira aula, eu e a sexta série, sentados aguardando a professora para nos levantarmos e darmos bom dia em uníssono. Resquícios da velha ditadura que já ia tarde.
Todos a postos, primeira tarefa, construir uma redação ou um pequeno conto sobre algo que não me lembro agora.
Caneta e caderno prontos a construir algo, ansiedade e pensamentos desconexos tentando se conectar com a folha pautada e minha caneta esferográfica azul.
Então, num turbilhão, comecei a redigir as idéias. Produzi, criei e gostei. E, no afã de mostrar o texto a professora esqueci o título da estória.
A professora prontamente acusou o esquecimento, tratou-o como um erro e leu rabiscando de vermelho minhas frases, meus verbos e meus adjetivos.
Essas correções eram terríveis, destruía meus pensamentos escritos, minhas estórias infantis. Não queria escrever mais nada depois disso.
Hoje, como docente das habilidades físicas, muito prático, por vezes teórico, procuro não repetir pedagogias ultrapassadas. Pedagogias que censuram nosso ímpeto criativo.
Procuro dar subsídios, incentivar a leitura, criar novidades. Sei que só assim desenvolveremos nosso vocabulário, nosso discernimento para a vida toda.
Essas lembranças nos fazem refletir e buscar novos caminhos, novas formas de ensino-aprendizagem, novas relações entre professor e alunos.
Novos tempos, novas metodologias...

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